terça-feira, 29 de junho de 2010

Aqueles dois

''Quero ver o pôr-do-sol com você...'' disse um daqueles jovens timidamente, em uma dessas conversas normais que costumavam ter pela internet. Só sei que desde este dia, o maior objetivo dos dois era ver o pôr-do-sol...abraçados.
Caminharam juntos desde então, dividindo emoções e segredos, cada vez mais certos de que aquilo seria pra sempre. E era essa a principal arma deles quando brigavam e se separavam. ''Você disse que era pra sempre'' , dizia um enquanto o outro cantarolava a resposta, como se fosse o hino principal dos dois '' É pra sempre. Quero que case comigo.''
E assim foi durante muito tempo. A cada mês, ambos sentiam-se mais apaixonados. E eles até eram parecidos em muitos aspectos, principalmente no quesito ''fazer-se de vítima''.
O amor crescia e crescia, era nisto que eles acreditavam. E, apesar disso, não conseguiam passar mais do que duas semanas sem uma grande briga, sem um rompimento, sem um adeus definitivo. ''Isso é o bom na gente!" , explicavam um ao outro, embora sua maior vontade era dizer aquilo a si mesmos, de modo a convencerem-se de que aquela era a sua verdade. E voltavam, terminavam, voltavam, ''Eu te amo, vai ficar tudo bem.'', ''Você é meu melhor amigo, não me deixe...'', ''Jamais!''. E terminavam novamente, xingavam-se, odiavam-se, diziam adeus, e voltavam, abraçavam-se, beijavam-se, amavam-se...
Iam ao cinema juntos, brincavam sobre os problemas da vida. ''Quando estou com você não existem problemas.'' E de fato os problemas não pareciam existir. Passavam horas caminhando pelo parque e, quando ambos estavam esgotados, sentavam-se em um ''banquinho qualquer'' para continuarem a conversa e, quando até mesmo a conversa esgotava-se, eles se olhavam nos olhos e imaginavam suas bocas unidas em um beijo sem fim, suas mãos entrelaçadas simbolizando a aliança de noivado que tanto desejavam. Oh, e como aqueles dois desejaram aquilo!
Passaram a ficar mais próximos. Se viam nos intervalos entre as aulas e caminhavam pelo parque, novamente sentando-se em um banquinho qualquer quando esgotados, e se olhando nos olhos...como gostavam de se olhar!
E, numa tarde qualquer, um deles começou a achar repetitivo demais caminhar pelo parque e sentar-se em um ''banquinho qualquer''. E foi naquele momento que o outro percebeu que o fim começara.
Dito e feito. Eles já pouco se viam dias depois. Nunca mais haviam tocado-se nas mãos ou deixado-se levar por um abraço. ''Ando exausto'', protestava um deles, enquanto a outra pessoa respondia frustrada ''Relaxa, isso passa...''. E passou.

Em um dia qualquer eles terminaram o longo namoro. No dia seguinte, conversaram mas não voltaram. E os dias foram se passando.
Se sentiram saudades um do outro? Talvez sim...quem sabe ainda sintam. Eu arriscaria dizer que eles chegaram a perceber que podiam ter feito algo, que podiam ter salvado o que haviam construído. Poderiam ter feito isso se o quisessem...Mas não quiseram, afinal, estava acabado, pra que se estressar?
Até que um dia acordaram e perceberam que o outro já não era mais seu primeiro pensamento do dia. É, de fato, haviam acabado.
Partiram pra outra, construíram suas vidas, aprenderam o que puderam aprender. No entanto, eu guardo em mim a certeza de que eles ainda preservam no coração uma lacuna que não se lembraram de fechar: Eles nunca chegaram a ver juntos o pôr-do-sol. E talvez nunca cheguem.






Previsível

Como algo pode ser previsível? Como posso eu viver sabendo o que acontecerá?
Poderia, se assim o quisesse...mas decidi que não quero isso. Não mesmo.
Quero, na verdade, saborear a beleza do imprevisível. Quero caminhar por um caminho ainda não trilhado, e segurar a mim mesmo quando cair, dizer as palavras que gostaria de ouvir. Quero, de verdade, apenas viver.
Pois estou cansado de antecipar o futuro...

Sempre que puder, estarei aqui, novamente dividindo o que sinto.