quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma vez

Umas vezes umas almas caridosas me disseram pra esperar, pois tudo sempre melhora no final. Acreditei nelas, porém não compreendi a mensagem. Passei por muitas e boas, cheguei até a esquecer do que elas haviam me dito, mas só quando eu concluí certas estradas e cheguei ao final de algumas etapas, percebi que uma coisa que outras almas me disseram umas vezes também era verdade pra mim: Só faz sentido quando passamos por aquilo. Jamais aprendemos as coisas quando apenas nos contam sobre elas.

Umas vezes eu pensei que não havia perspectivas... Quer saber, cansei de falar nessa vezes. Elas aconteceram, foram importantes pra mim, mas o agora é Uma vez só. E muitas e muitas outras vezes virão. E sim, sou feliz por saber que sempre vou querer algo mais. Isso me dá razão pra viver. Me anima. Me entusiasma.

E o ano está acabando. Acho que isso aqui também.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conformismo

Uma mãe esgueira-se no muro enquanto a filha pede dinheiro na esquina. Um homem bate na mulher enquanto os filhos assistem traumatizados. Uma esposa trai o marido, enquanto ele sai do trabalho e vai comprar flores para comemorar o aniversário de casamento. Um grupo de pessoas exclui o outro por motivos fúteis e estúpidos. Um adversário encontra um rival que nem sequer sabe que agora tem um adversário. E nós? Nós vemos tudo isso conformados com a ideia de que não podemos fazer nada.

E assim a vida segue.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mias e emoções da meia-noite

Num suspiro profundo
este prelúdio inconstante
amansa tremenda variante
do agora.
Do nada.
Do nunca.

Num olhar incandescente
tuas margens finalmente
foram dadas a mim.
Doadas, na verdade,
do fundo da tua vontade.
Agora eu sei.

Não queiras saber, meu amor,
o que se passou em mim naqueles dias...
Hoje eu sei que isso foi necessário
para que nosso amor intensamente desabroxasse,
mas jamais poderei - mesmo que queira -
negar
que fui feliz naquela ocasião.
E jamais poderei - mesmo que tente! -
acreditar
que tu não sofrestes em um pouquinho por mim.

E assim termino meu dia.
Com a ânsia de compartilhar contigo este momento
que acaba de me trazer o profundo arrependimento

de não ter te dado um beijo de boa noite.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Coisas que ele lembra de contar

1 - Essa coisa curta ao menos teve final feliz?

N
o ano em que Amélia nasceu, ele era recém-nascido. Uma vez - E eu me lembro bem disso! - eles se esbarraram no parquinho do bairro. Ele a empurrou no chão.

Depois, Amélia foi para o colégio secundário. Ele já estava lá havia um ano. No início, não notaram a presença um do outro. Mas os meses se passaram e, sabe como é, eles acabaram se esbarrando de novo. E, no mês seguinte - E eu me lembro bem disso! -, ele disse que ela era a mulher! Ele se casaria com aquela tal de Amélia.

Terminaram o curso secundário e foram para a faculdade. Dessa vez foram juntos - Ele demorou mais um ano para passar no vestibular.- e foi lá que ele conseguiu arrancar o primeiro beijo daquela Amélia!

Como era pra acontecer, começaram a namorar. Nesse período, ele brigou por ela; Ela brigou por ele; Eles brigaram por eles mesmos e por nada também.

Só que Amélia se sentia mal havia uns dias. Eu falei para ele a levar a um hospital! Mas - E eu me lembro bem disso! - ele não me ouviu.

Viveram mais dois anos felizes, até que Amélia descobriu a doença e morreu. E ele - Eu me lembro...E sei muito bem disso - Morreu com Amélia.

domingo, 29 de agosto de 2010

Esperaram Demais

2 - Carta de Cabeceira


Quando Otávio abriu os olhos, por um momento pareceu que o tempo havia voltado alguns meses ao passado - Ao lindo passado dele. Lá estava a pessoa que o havia feito mudar. Lá estava, a centímetros dele, a pessoa que ainda o fazia estremecer. Ela não devia saber, nem ao menos desconfiar, mas ele a amava ainda, talvez de um modo totalmente novo e especial.

Ele a apreciou por alguns minutos. Os contornos dela não eram perfeitos, mas eram inocentes, carregados de algo positivo. E o otimismo dela? Este contagiava qualquer um. Costumava contagiar Otávio na época do namoro dos dois. Havia algo dentro dela. Algo diferente.

O sol penetrava pelas janelas de vidro. Parecia ser tarde. Otávio não podia esperar. Levantou-se e silenciosamente caminhou até a escrivaninha mal-feita de Sophia - ela jamais havia ligado para aparência mesmo. Sentou-se, arrancou uma folha de papel do primeiro caderno que encontrou, pegou uma caneta e hesitou antes de começar a escrever:



'' Fazia tanto tempo - no nosso tempo - que não a via. Honestamente, nem mesmo sei porque estou escrevendo isto. Talvez para convencer a mim mesmo de que você ainda me ama e de que ainda está de alguma forma presa a mim, ou apenas para, mais uma vez, chorar por a ter deixado sair da minha vida.

Sou indeciso, eu sei. Você mesma me disse isso inúmeras vezes, e eu, com minha exaustiva ingratidão e amargura, gritei com você de um modo que jamais havia gritado com mais ninguém. Como você pôde ter suportado isto tantas vezes?
Então, em uma sexta-feira aparentemente comum, você me disse que já havia cansado de mim e que já não aguentava mais meu modo decadente de tratar você. Sumiu por duas semanas - no nosso tempo, séculos - quando a mandei embora. Foram dias confusos, não acha? Até que, sem explicação ou por ironia de algo que você poderia chamar de ''destino'', nos encontramos ontem na saída de um bar - daquele bar. Você estava linda e radiante, como sempre. Naquele momento eu soube que eu não podia morrer sem beijá-la pela última vez, sem tocá-la, sem amá-la. Tivemos uma noite linda e, acredite, eu gostaria muito que a vida realmente funcionasse para mim do mesmo modo simples que funciona para você. Mas não é assim. Não a minha vida.
Hoje, quando acordei e a vi dormindo ao meu lado, senti algo tão intenso que palavra alguma - pelo menos no meu vocabulário- não é capaz de descrever. Mas o fato, Sophia, é que não sobreviveremos. Você merece algo muito melhor.
Espero que você seja feliz. Espero que você seja esperta o suficiente para agarrar esta chance de poder viver longe de mim e dos meus problemas de uma vez por todas.


Otávio A. Sepol

P.S.: Não sei como funciona a estrutura de uma carta ou de um bilhete...Enfim, não ligue . ''


____



Era incrível a sensação de acordar bem. Antes mesmo de abrir os olhos, Sophia já agradecia mentalmente por mais um dia. Antes mesmo de tomar consciência de quem era ou de onde estava, ela já esboçava um sorriso encantador no rosto. Sophia era Sophia, e não precisava de muito para ser quem era.

Otávio não estava mais lá. Sophia sorriu, como se apenas houvesse confirmado algo que já sabia. Respirou fundo e pôde sentir o cheiro forte e paralisante de Otávio. Aquele cheiro, aquele cheiro. Ergueu os braços e se esticou na cama antes de se pôr de pé em um salto. Ela adorava fazer aquilo, e sempre caia em risadas quando olhava de volta para a cama e se dava conta de que só voltaria a se deitar de noite. Enquanto sorria, reparou no pedaço de papel delicadamente posto em cima da sua mesa de cabeceira. Pegou o papel e respirou fundo antes de começar a ler.

Leu as palavras de Otávio e apertou o papel fortemente contra seu peito quando terminou. Sentiu um rápido impulso de chorar que acabou passando também rapidamente. Caminhou até a varanda do quarto. Olhou para a rua lá embaixo - fazia muito tempo que ele havia passado por lá?

Enfim, aquilo já não era relevante. Ainda havia um dia inteiro e uma vida inteira para ela viver e, irônica ou casualmente, descobrir ou apenas se dar conta de pelo menos três coisas:
1 - No vocabulário de Sophia felizmente havia uma palavra que descrevia especialmente bem o que Otávio não conseguiu descrever em sua carta, e essa palavra era Amor.
2 - Sophia definitivamente não era e jamais seria esperta o suficiente para agarrar chance alguma de viver longe de Otávio e de seus problemas.
3 - No tempo deles, uma noite de Amor era pouco, muito pouco. Ele deveria saber disso.



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Nada

Sem pensar ou fazer nada. Ela tentou fazer isto por alguns minutos... Tente você também.

domingo, 15 de agosto de 2010

Só Amor

Hoje percebi que não há comparações, o Amor possui só uma essência, e cada manifestação dele, seja em pessoas ou coisas, jamais se repete. E, ao contrário do que ocorre em outros ramos da vida, isto não me traz sensação de perda.

Amo meu cachorro de um modo que jamais amarei ninguém, do mesmo modo que amo meus braços de um modo totalmente diferente do qual amo minhas pernas. Os vários modos de Amar refletem as várias faces do Amor, e os vários modos do Amor são os modos pelo qual suas faces se revelam: Um carnaval de diferentes faces, e cada uma é única e incomparável no seu modo de ser.

Uma vida sem Amor é uma vida descorada não para uma vida sem cor - até uma vida sem cor tem cor de alguma coisa -, mas pro nada, vazio, infrutífero, Oco...
Amor e suas cores, Amor e seus amores, Amor e seus sabores, suas faces e Calores, seus retratos e fatores de Amores, Só Amores!



Vou viver esse calor
de Amor, Só Amor!
Vou viver esse sabor
de Amor, Ah, Amor!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ela não sabia

Até havia momentos em que tudo ficava bem entre os dois, mas o garoto logo tratava de acabar com a conversa e sair de perto dela, pois sabia que não queria mais ter um relacionamento amoroso com aquela garota complicada - bastava todos os meses que havia estado com ela sem jamais ter compreendido o que ela queria de verdade.
Já ela, orgulhosa e apaixonada, desejava ardentemente retomar a relação - ou começar uma nova e totalmente nova relação. Mas não adiantava, por mais que eles conseguissem ter momentos memoráveis, o garoto sempre dava o pé para trás. Ela nunca compreenderia a mente dele. Por que os garotos faziam tudo errado?
Até que ela decidiu que estava cansada. Não queria mais passar dias e noites perguntando a si mesma qual era o problema daquele garoto, e muito menos queria continuar se torturando pelo medo que ele tinha de amar alguém - era o que ela supunha.
Ora, pensava ela caminhando pela calçada limpa de seu bairro, o que mais posso pensar? Quando ele perceber que está cometendo o maior erro da sua vida, ele virá até mim e tentará voltar. Coitado! Perdeu a oportunidade de ouro que eu o dei. Perdeu alguém que realmente o amou...Sinto pena dele.

E os dias foram passando. Pretendentes iam e vinham todos os dias, mas a menina não queria saber de iludi-los, do mesmo modo que o garoto a havia iludido.
-Aquilo não quero pra ninguém! - disse ela certa tarde, após receber uma proposta de um garoto da faculdade. - Acredite em mim, é melhor assim.
- Como você pode dizer se algo é melhor ou pior sem vivenciar a experiência? - Questionou o menino com uma pitada de timidez.
A garota analisou a pergunta do menino, e sabia que ele tinha razão. A única explicação para ela não querer engajar um relacionamento com ele era seu amor pelo outro. Mas isso ela não admitiria.
- Olhe, além de inseguro, você demonstra ser pessimista demais. E, eu realmente não estou com cabeça para algo sério agora. É melhor desse jeito, você verá. Um dia desses eu gostaria muito de dar uma volta com você e ter uma longa conversa. Queria muito contar minha história.
O garoto a encarava incrédulo. Ela percebeu. Hesitou um pouco antes de prosseguir:
- Não vai acontecer nada...Não posso. E não quero. Mas sei como você se sente. Gostaria muito de ajudá-lo se pudesse. Vou entender se não quiser mais me ver daqui pra frente.
O garoto levantou-se e deu dois passos, afastando-se dela. Depois parou e voltou-se novamente para a garota.
- Você não me conhece. Como pode falar sobre insegurança ou pessimismo? Você precisa se tratar, garota... - E foi-se embora, deixando-a para trás.

A menina continuou vivendo. Ainda sofria bastante pelo garoto que havia namorado, mas sofria também pelas duras palavras que o pretendente havia dirigido a ela. Seu único subterfúgio era afogar as mágoas em intermináveis lágrimas que só tinha coragem de chorar pela noite, quando estava sozinha em sua cama, sem a menor vontade de dormir. Ele não me merecia...E aquele outro muito menos! Quem precisa se tratar é ele! Aliás, os dois precisam! Repetia freneticamente sem dizer palavra alguma.

- Um relacionamento é construído por duas pessoas e não por apenas uma - disse sua amiga certa vez, após ouvir pela milésima vez as lamentações e insultos lançados aos dois garotos.
- Eu sei disso...
- Não, não sabe - Interrompeu a tal amiga rispidamente. - Todas as vezes que você fala desse seu relacionamento fracassado, você se refere apenas a ele, ao garoto. Todas as vezes que fala de suas mágoas, você se refere apenas ao outro garoto que a mandou se tratar. E você? Onde está sua parcela de culpa nisso tudo?
A garota arregalou os olhos e não pôde esconder o espanto pelo que a amiga dizia.
- Ou você não se lembra dos dias que tratou seu ''amado'' - e a amiga fez questão de destacar essa palavra com cuidado para não parecer irônica - com frieza e o chamou de idiota sem ao menos se dar ao trabalho de explicar a ele o motivo de você ter estado daquele jeito? Não se lembra da frase mais repetida por ele quando você o repelia dizendo que não queria mais falar com ele, ''o que foi que eu fiz?!'', não era? Não era o que ele a perguntava? Talvez a pergunta tenha sido feita incansavelmente por ele, não mais para você pois você não o responderia, mas para ele mesmo.
- Ele era insensível...Esquecia os horários dos nossos encontros e dizia coisas que me deixavam magoada... - Explicou a menina desconcertada.
- E você conversou sobre isso com ele? Não. Para você bastava chamá-lo de insensível e deixar a culpa nas costas dele. Claro, ele tinha a missão de adivinhar o que você estava sentindo, não? Aliás, todos têm a missão de adivinhar o que você quer, porque caso não façam isso, você fechará a cara e os tratará com frieza.
- Mas...
- E por DEUS! Dizer que o outro era pessimista e inseguro? O que você sabia sobre ele para dizer algo assim? O que ele respondeu foi pouco. Se tivesse sido eu, pode estar certa de que diria coisas muito piores.
- Pensei que você fosse ajudar...
- Errado, mais uma vez. Você pensou que eu fosse ser seu objeto, como pensa de todos os outros. Como pensou do seu ''amado'' e do garoto que você deu um ''fora''. Você podia ser um pouco menos egoísta, amor. Em momento algum você parou para pensar em como aqueles garotos devem ter se sentido. E se tivesse sido com você?
Aquela última frase chocou a garota. Ela não teve palavras para retrucar e tampouco adiantava fazer isso. Por alguns segundos, ela não sabia se o que sentia era bom ou ruim. Era raiva ou gratidão? Sem saber a resposta, levantou-se e saiu sem ser rude, mas também sem se despedir. A amiga, com a consciência tranquila - afinal ela não havia se alterado em momento nenhum durante a conversa- pensou consigo mesma enquanto fitava a pobre garota que caminhava olhando para algo que ela só podia enxergar naquele momento. Ela não entende os garotos. Mas acho que nunca vai entendê-los se não parar de julgá-los. Um dia aprende. Todos aprendemos. E relembrou das coisas tristes que haviam acontecido em seu passado e que a haviam feito aprender.

Natanael olhava para o horizonte. Havia sido cruel demais com a menina. Deu uma risadinha. Fui ao menos sincero, pensou dando de ombros. E jogou mais uma pedrinha no riacho, acompanhando-a com os olhos enquanto ela saltava pelas águas calmas.
- Você gosta disso, não? - perguntou a garota que se aproximava.
- Jogar pedrinhas na água? Sim... - Respondeu ele sem olhar para ela.
- Maluco. Mas não mais do que eu.
- Por quê? - Perguntou Natanael, finalmente encarando a garota.
- Porque enquanto você atira pedrinhas na água, eu me atiro por completo. - E atirou-se no riacho, molhando propositalmente as calças de Natanael, que deu um salto de susto.
- Você precisa se tratar! - Informou ele sorrindo.
A garota olhou para o céu e respondeu:
- Você é que precisa! Afinal, quem perde tempo atirando pedrinhas no riacho quando pode atirar a si mesmo?!- Perguntou animada.- A propósito, sou Clarissa. - E estendeu a mão molhada. Já havia observado aquele garoto outras vezes naquele local. Achava-o interessante e sabia que não tinha nada a perder. Conversaram durante a tarde e marcaram de se ver no dia seguinte, não no mesmo lugar nem na mesma hora.

Enquanto Ricardo, do outro lado da cidade, olhava para o computador. Lá estava a foto da indecifrável garota que tanto o havia tirado o sono. Espero que você descubra que o mundo não gira ao seu redor, menina. Ricardo lembrou-se das coisas que havia vivido com ela. Por um segundo, sentiu o impulso de ligar para ela e dizer que havia pensado melhor. Mas conhecia a orgulhosa garota. Sabia que ela no mínimo o mandaria pescar.
- Cláudia, Cláudia... - sussurrou. Esboçou um sorriso.- Como você costuma dizer, a vida continua.

E deletou a foto dela de seu computador.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Segundo Eu

Havia um cão latindo no lado de fora. Era o único som que se destacava na minha mente, apesar de não ser o único som que vibrava no vento. Pude sentir que o cão me chamava, mas o tempo estava incerto demais para ir até lá: As previsões diziam vir uma tempestade a qualquer momento. Eu era jovem. O cão podia esperar.

Pessoas falando na sala de estar. Conversas vazias, despreocupadas. O cão uivou - ou foi um lobo?! Bobagem, não existiam lobos naquele lugar. E as pessoas continuavam falando, cruas, nuas, suas, todas suas se você desejar. Pude notar que algumas delas também podiam ouvir o uivo. Será que sentiram vontade de segui-lo?

Enquanto eu participava de tudo sem ousar interferir, alguma coisa acontecia. Impedia-me. Acorrentava-me. E as pessoas falando, suas conversas algumas vezes voltando-se para minha vida que passava, voava. Eu quis bater as asas e controlar meu voo, mas estava impedido, e foi melhor assim. Eu já não era mais tão jovem quanto antes, e voar apenas acompanhando a corrente do vento era mais seguro.

Depois de um tempo, meus ouvidos começaram a se sentir fatigados por terem que ouvir sempre as mesmas vozes insuportáveis; e meus lábios cansados por terem que responder sempre as mesmas perguntas sem conteúdo. Depois de um tempo, me dei conta de que minhas asas ou atrofiaram ou nunca haviam servido para nada mesmo; e meus olhos notaram que dariam tudo para poderem ver algo diferente daquele maldito dia lindo de sol lá fora.

No entanto, já ninguém mais notava minha presença. Já havia vivido minha vida, era velho e só o que precisava fazer era esperar pela morte. É assim que acontece, não?

Pois a morte chegou devagar. Veio na forma de uma silenciosa injúria ao meu velho corpo. Não havia porque lutar. Era muito mais fácil, aliás - e seguro -, esperar deitado em uma cama quentinha para que, quando a hora chegasse, nem me dar ao trabalho de cair no chão.
Nos últimos malditos dias, senti um mau-humor insuportável. Porém, não queria magoar meus familiares e por isso sorria o tempo todo, sempre expondo a resignação e passividade típicos à minha pessoa até então.

Nas últimas horas, entretanto, acabei descobrindo que eu não era daquele jeito. Respondi com grosseria as perguntas feitas pelos infelizes fantasiados de felicidade.

- Você precisa despir-se! Despir-se e lidar com quem você é! Só assim ela não será apenas uma fantasia... - disse eu. Senti vontade de explicar que eu havia passado a vida inteira escondido na mesma fantasia que eles, a de que a felicidade era conviver com o pouco, com o que a vida achasse melhor para nós. Senti vontade de contar-lhes que, no meu leito de morte, eu estava vivendo meus momentos mais felizes, e que as dores físicas nada significavam pois eu estava sendo consolado por mim mesmo e por minha verdadeira felicidade. Eu senti imensa vontade de viver, mas eles não compreenderiam aquilo. Aliás, creio que nem eu mesmo compreendi direito.

Já não havia vento lá dentro ou lá fora, e eu já não via nenhuma corrente para seguir. Senti um frio tremendo na espinha pois percebi que se eu não usasse minhas asas naquele exato momento, eu cairia e me esborracharia no chão. Bati, pela primeira vez, minhas asas. E voei, voei e voei segundo minha própria vontade.

Ninguém mais falava - ou suas vozes simplesmente não tinham mais a habilidade de me alcançar- e, no meu dia, não havia o mesmo sol de sempre, mas algo muito maior, talvez o misto entre o calor e o frio, o dia e a noite. Nada mais precisava ser vazio e nada mais era nada, pois eu era eu.

Meus lábios esboçaram um sorriso. E então fechei os olhos para morrer em paz, ao mesmo tempo que imaginava o que as pessoas ao redor comentariam no dia seguinte: ''Enlouqueceu. Horas antes da morte ele já nem falava coisa com coisa! Logo ele, sempre decidido e maduro...Coitado!''

Pobres irmãos. Mas seus comentários não importavam. O que eu queria mesmo era continuar prestando atenção no latido - ou uivo?- do cão - Ou lobo?!- lá fora. Fazia tempo que ele não me chamava com tamanho entusiasmo. Eu estava a caminho desta vez.

sábado, 24 de julho de 2010

Qualquer Coisa Além da Alma

Não posso permitir que você me domine de novo. Devo permanecer longe desta extrema sandice. Devo preservar em mim os traços de quem eu sou, mas isto é tão difícil!

Antes de você eu era ninguém. Para que eu fosse alcoólatra, só me faltava o álcool; Para que eu fosse louco só me faltava a loucura; Para que eu fosse amado só me faltava o amor; Para que eu fosse eu, só me faltava eu mesmo... Quem era eu? Quem era aquele triste ser que costumava se contentar com tudo, com tão pouco, com nada?! Para mim, hoje, aquele não era eu. Talvez fosse só meu corpo animado por qualquer coisa além de mim mesmo. Questões complexas, tensas, coisas de louco - e meu corpo com certamente não o era. Ainda.

Quando você chegou, de imediato percebi que sua missão era me mostrar meios de facilitar meu próprio despertar. Pouco a pouco, foi exatamente o que você fez. Seu amor trouxe à tona fragmentos distintos de minha essência, mas só seu adeus liberou a substância que uniu esses fragmentos até me construir. Então minha alma nasceu pela primeira vez - ao menos aos meus destreinados olhos terrenos - , e eu passei a sentir o gosto bom de ser eu mesmo a habitar meu próprio corpo. No começo, fiquei atordoado. Logo depois veio a agonia de não estar acostumado aos mecanismos que regiam a vida que meu corpo havia construído para ele. E após isto veio o entusiasmo de poder construir pela primeira vez os mecanismos que iriam nortear a vida que minha alma - portanto, eu - levaria dali em diante. Foi amor o que senti. É amor que ainda sinto.
Para ser honesto, nunca compreendi o que de fato animava o seu corpo. Nunca soube se aquilo que eu enxergava em você estaria guardado eternamente na mais profunda gaveta do seu coração : sua alma. Nunca soube se outras pessoas sentiam sua alma assim como eu, ou se essas pessoas apenas gostavam daquilo que você aparentava ser : roupas de marca, visual impecável, sorriso no rosto, dinheiro no bolso, um poço sem fim... Mas eu havia enxergado o fim. Havia até tocado nele. Sim, eu havia de fato visto você de verdade. Quantas pessoas conseguiram fazer isso até agora?

E minha alma - portanto, eu - recém-nascida para esta existência, é rebelde demais para arcar com tudo e apenas ''esquecer'' o que se passou. Na verdade, ela sente vontade de torturar você, de assombrar você e de gritar ''Odeio tudo o que você finge ser para aqueles idiotas! Odeio, inclusive, todos aqueles idiotas e suas mentiras ridículas! E odeio o seu corpo, animado por qualquer coisa que não seja você! ''. Mas não posso afirmar que odeio sua alma pois a amo, apesar de achá-la fraca e forte demais, uma contradição parecida com o que sua vida é agora : Fraca, por não conseguir despertar a si mesma da latência que a impede de nascer e de prosperar; e forte porque mesmo adormecida ela teve forças para me acordar e me fazer viver de verdade.

Então não posso deixar que você me domine de novo pois minha alma é rebelde demais para ser dominada. No entanto, não posso negar que eu talvez queria que isso aconteça. Seja como for, não importa agora. Apenas mantenha seu corpo longe de mim, mas volte - se quiser - quando o que o animar seu corpo for a alma que o habita, a alma que eu amo, a alma que se esconde, a alma que - eu acredito - vai salvar a si mesma um dia. Do mesmo modo que salvou a mim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ao menos hoje...

Faz alguns dias - embora pareçam mais algumas noites - que nos encontramos. Sabe, não sei o que acontecerá amanhã ou depois. Acho que não devo antecipar isto. Mas, quero experimentar o agora. O agora pode ser eterno. O agora é eterno.

Não quero saber se vou continuar sentindo isso ou não. Não quero saber se você vai achar ruim, vai ficar triste, ou se nós dois nunca mais nos veremos depois disso. Só o que sei, é que essa semana em minha vida foi sua, e ela sempre será lembrada com seu nome.

Só o que sei, é que o que construímos em tão pouco tempo, jamais poderá ser quebrado, a menos que queiramos. E esse ''pouco tempo'' é eterno. É eterno, meu amor.

Quero ser louco, a partir de agora! Quero mostrar a você minha loucura e minha inconstância! Quero mostrar a você quem eu sou...ao menos hoje. Ao menos esta noite. E isso é eterno.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Primeiro Trecho de Você

Alguém me ouviu quando implorei para ser ouvido. Alguém olhou para mim não com um olhar de pena, mas sim de afeto, carinho. Alguém me disse, naquela noite que pensei não ter fim, que haveria sim um fim, e que esse fim seria meu recomeço. E eu, sem mais nem menos e sem razão aparente, encontrei você.

Você disse que não queria me decepcionar. Você chamou de ''tolos'' meus amores do passado e disse que queria ter a sorte que estes amores tiveram ao me ter. Você não ignorou minhas fraquezas e defeitos, mas riu deles pois sabia que poderia encontrá-los em você. Você disse que eu era perfeito, embora soubesse que não existe isso em uma pessoa comum como eu. Você julgou ser comum, e neste momento eu soube que os comuns sempre eram, de alguma forma, especiais. E aqui estou eu para dizer: Você é comum...por isso gostei de você. Você comoveu meu coração, o atraiu. Você disse que tinha medo, medo de não ser o que eu queria. MAS VOCÊ É!

Não quero apressar as coisas. Não desta vez, pois agora, amor, eu estou preparado, mas vou esperar até que você esteja também.

''E em um toque, um abraço e em um olhar
sentirei seu amor por mim diluído em um novo aroma celestial.

Mas somente em um doce beijo
saberei se ele é real.

Mostre-o para mim.
Não precisa esperar.
Me leve.
Me salve.
Me beije.''


sexta-feira, 16 de julho de 2010

Seu Silêncio

Este inverno. Este vento. Eles falam comigo, eles me dizem para correr daqui. Por que sou tão bobo então? Por que prefiro escolher acreditar no seu silêncio? POR QUÊ?

Se passaram dias, dias e mais dias. E eu nunca mais ouvi sua voz. Nunca mais senti de verdade. Até o vento uiva para mim, tentando me alertar, me salvar. Mas quem deveria me salvar é você!

Contudo, não serei mais inimigo do inverno. Resolvi, pois, ouvi-lo. Prefiro que ele seja o tradicional inverno do que se eternize dentro de mim...

Você ainda me ama? Você ainda me quer?
Eu aguardei atenciosa e ansiosamente por sua doce resposta- Doce! Era a resposta pela qual queria esperar-. E hoje, sei, seu silêncio respondeu finalmente: Você não me ama mais. Talvez jamais tenha amado. Acabou.

Sigamos em frente. Sejamos felizes. Fim.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Esperaram Demais

1 - Cena


Em uma noite, os dois se encontraram acidentalmente na saída de um bar no centro. Fazia tempo que eles não se falavam. Estavam interpretando bem seus papeis.
No início, conteram seus ânimos e demonstraram a frieza já comum aos dois naquela época.
- Vai para aquele lado?, perguntaram ao mesmo tempo, após alguns segundos de silêncio. Ambos deram uma tímida risadinha ao responderem, também ao mesmo tempo, que sim. Começaram a caminhar.
Estavam em silêncio, embora muito quisessem falar. Olhavam-se de canto de olho. ''Não, não quero mais gostar de você. Por que você ainda mexe tanto comigo?''. E logo desviavam o olhar, tentando coagir o impulso, tentando parar de pensar.
A noite estava fria. Poderiam estar aquecidos se estivessem abraçados. A rua estava deserta, nenhuma alma viva. Era o momento ideal para mais um beijo. ''Me daria um beijo se eu pedisse?'', perguntavam-se silenciosamente. ''Apenas um beijo...''. Porém um beijo seria o suficiente para despertar seus sentimentos. E eles não sabiam se era isso o que queriam.
Um deles, olhando para os lados, começou a falar, de início sem pretensão alguma, apenas para quebrar o monótono silêncio. Falou do frio, do dia que se passou, da chuva que havia passado, enfim, tagarelava como era de costume algumas poucas vezes ao mês.
''Permanece do mesmo jeito!'', pensou a outra pessoa, disfarçando um sorriso. ''Sempre com essa voz simples, simpática. Aliás, até as roupas são simples, sem exageros, de certo mal-gosto, mas que demonstram sua simplicidade de espírito, no melhor dos sentidos. Você nunca precisou de muito para ser quem sempre foi...Sempre falando em fé, DEUS...Sempre mascarando seus desejos em sua ingenuidade. E essa ingenuidade também mascara sua coragem! Sim, você tem uma coragem, uma certeza e até uma esperteza inabaláveis! E como eu amo tudo isso...Sua essência, seu tempero. Por que não consigo encontrar isso em mais ninguém?''.
E, calando-se, a pessoa que possuía a ''ingenuidade'' começou a sentir ''o cheiro''. O cheiro forte, indescritível, insubstituível, inegavelmente perfeito. ''Ainda possui este cheiro...'',pensou, olhando para a frente, apenas a rua escura e deserta no caminho. ''Este cheiro que, ao olfato dos outros, pode não ser um aroma mas que, ao meu, é a fragrância divina, paradisíaca, que me enche de êxtase! Eu poderia senti-lo a quilômetros de distância que ainda assim saberia que é seu! E seu ar de carência...Que esconde uma força tremenda, a qual conheço muito bem, e que até mesmo você conhece, apenas não admite que a tem. Sua capacidade, sua inteligência...Sinto tanta falta disto. E suas piadas...Você...Só você...Me fazia rir com piadas...'' Acabou soltando uma risadinha, a qual não passou despercebida.
- Por que você riu?, perguntou gentilmente a pessoa que possuía ''o cheiro''.
- Nada..., respondeu a outra, ainda sorrindo.
- Agora fale!
- Não vou falar, brincou.
- Fale! Por favor!, pediu novamente, agora sorrindo. Foi a primeira vez que pararam de andar. Se olharam nos olhos. Aquilo causou choque nos dois. Silêncio.
-Você não mudou nada!, disse delicadamente a pessoa da ''ingenuidade'', ainda inalando o aroma vindo da outra pessoa.
O frio da noite parou de os afetar. O encontro de seus olhos, o fascínio de seus atos, o laço de suas almas, tudo isso voltou de uma vez só.
- Você não mudou nada... Repetiu, a voz baixa, quase um sussurro.
- Não mudei?
- Continua me entretendo como ninguém ao contar como foram seus últimos trinta minutos antes de me ver... Respondeu. ''Sempre é assim!'', pensou consigo, sem conter o sorriso.
Silêncio. Estavam mais próximos. Podiam sentir a respiração um do outro. Sensação magnífica. O vento gelado socando-lhes o rosto passava despercebido perante o momento.
- Sempre passo os trinta minutos antes de ver você, imaginando...
Mais próximos.
- Imaginando o quê ?
Estavam agora a menos de trinta centímetros um do outro. Podiam ouvir os batimentos de seus corações. Podiam senti-los.
- Imaginando o quê?, perguntou novamente, um sussurro tão baixo e tão cheio de desejo.
- Imaginando se você me recepcionaria com um beijo...
E beijaram-se. O beijo foi veloz, ágil, quente. Uniram-se em um abraço apertado. Seus braços estavam segurando o corpo um do outro com força, de modo que ocupavam quase o mesmo espaço. Queriam aquilo. Queriam mais do que um beijo. Queriam tocar-se. Amar-se. Saíram dali. Seguiram para o apartamento. Rápidos, quase voaram.
E amaram-se! Amaram-se sem medo, sem hesitação. Nada mais existia. Nada mais precisava existir. Não naquele momento, pois a razão da existência deles era seu amor...E seu êxtase!

Minutos se passaram, quem sabe horas. Não olharam no relógio. Não precisavam. Depois deitaram-se e olharam para o teto. Silêncio. Suas mãos ainda estavam entrelaçadas. ''O que foi isso?", indagavam-se, embora soubessem a resposta: amor.
Respiravam calmamente agora. O ventilador de teto girava lentamente, como se acompanhasse suas respirações.O próprio quarto acompanhava-os. Não queriam acordar, caso aquilo fosse um sonho.
Viraram um para o outro. Seu olhar, sua química. '' O que você é pra mim?'' Não sabiam ou não queriam saber. Apenas se olhavam. Não se falavam há semanas. Como pôde um momento daqueles ter acontecido? Os minutos se passavam. O som do ventilador de teto os hipnotizaria, não fosse pelo som da voz baixa da pessoa que possuía ''o cheiro'':
- Então, é isso?
Hesitação. Silêncio. Tensão. Medo. E se fosse de fato ''só isso''? E se, depois daquilo, continuassem distantes?
- Não sei...
- Hum...
Desespero. ''Não! Não me deixe ir! Me segure, me prenda, faça alguma coisa!'', imploravam ao silêncio, e o silêncio implorava para ser quebrado por eles. Se o silêncio pudesse falar, diria ''Tome coragem, faça! Não perca isso...pode ser a última vez''

E a noite foi passando. Eles não queriam voltar ao mundo. Queriam que aquilo fosse eterno, mas nada sabiam sobre a eternidade. Eram tão jovens! Mas ainda estavam lá. Ainda tinham um ao outro, mesmo que só por aquela noite.
Seus olhos estavam pesados. Lutavam contra o sono. Não podiam dormir. E se, quando acordassem, o outro já tivesse partido? Não! Precisavam aproveitar aquele momento. ''Só mais um pouco...Mais um pouco...Mais...''. Já não podiam mais lutar. Seus olhos se fecharam e suas mãos continuaram unidas. Dormiram.

Eles tinham tanto a aprender! Tanto a viver! Era a hora de cometerem erros, sem dúvida, e não ousaram fazer a escolha. Tinham medo de que fosse cedo demais para um amor tão intenso. Tinham receio de abrir mão de certas coisas em pró daquilo.
Eram tão jovens, aqueles dois! Mas ainda estavam lá. Ainda tinham um ao outro, mesmo que só por aquela noite. E, ao menos por aquele noite, tinham a certeza de que se completavam.
Só o que os dois não sabiam era que as coisas poderiam acabar repentinamente e que, aquela noite, poderia ser a última disponível para perceberem o quanto se amavam. ''Ninguém sabe o dia de amanhã''. Contudo, os dois eram jovens demais para se darem conta disto. Eram jovens demais para sequer pensarem a respeito disto. Para eles, talvez, o melhor fosse mesmo apenas fechar os olhos e esperar. Afinal, o sol estava quase nascendo. Logo seria hora de acordar...

terça-feira, 13 de julho de 2010

...

Juro, eu quero ser cruel. Mas, por outro lado, como posso ter forças pra ser o que não sou? Como acha que posso ter forças pra dizer a você coisas ruins...Eu quis, você não sabe o quanto, dizer ''Odeio você!'', olhando nos seus olhos. Isso é impossível.

Portanto, não brinque mais. Eu estou sim confuso. Não sei exatamente o que quero. Amo você. Só não sei se isso é bom ou não...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eu complicando como costumava fazer

Lute!
Pois não cederei facilmente.
Eu sou decidido,
sei a quem amo,
sei que é você.

Mas você deve compreender: não pode ser fácil.
Você me esnobou...E não se importou comigo quando corri até você como um animal.
Quando sofri desesperadamente.
Você me esnobou...

E isso ainda me afeta.
Você deve compreender que não é assim tão fácil. Portanto, se me ama como diz, lute. Me impressione. Faça-me sentir especial...Sempre quis isto.
Sempre quis que alguém me quisesse. Sempre.
Mas isto veremos.

Lute! Lute por quem ama! Lute! Não desista! Está perto do fim...

Agora é sua vez de lutar.

domingo, 11 de julho de 2010

Fazia Tempo

Suas palavras me disseram coisas que meus ouvidos não puderam ouvir,
meus olhos não puderam ver,
mas meu coração pôde sentir.

Você tocou no meu coração...lá, naquele lugar que pouca gente costuma tocar.
E eu pretendo deixar!
Quero viver isso com você!
Estou apaixonado,
apaixonado, apaixonado!

ME FAÇA CORRER PARA VOCÊ!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Queria querer

Queria querer arriscar novamente...
Mas seu ar envolvente agora me espanta.
Queria querer arriscar novamente,
sem medo do que o futuro me traria em frente.

Mas, espere, descobri que não tenho medo do futuro!
De jeito nenhum!
Tenho medo é de você,
pois você e somente você, meu amor, pode me afetar agora.

Queria querer odiar eternamente
o seu ar envolvente!
Seu espírito inabalável!
Não finja! Por DEUS, você é inabalável!
Inesgotável!

E sua frieza, ah, sua frieza, esta eu ainda não cansei de cantar.
Esta foi o fantasma que há muito não vinha me visitar.

Por que você soa tão indiferente quando quer?
Por que você mantém o controle aparente?
Por que não se livra de mim definitivamente?
VOCÊ TEM O PODER! FAÇA! NÃO ESPERE!

Queria querer arriscar,
queria querer ao menos tentar...
Queria querer parar de contar
isto para você.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Pela madrugada

Se você ainda tiver alguma dúvida...é porque a burrice alcançou seu coração.

Não

Por favor, não...
Só quero dizer isto: não tem mais jeito.

Por hoje, chega.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Juntos deles partiu


Ele disse "corra!"
Ela disse "não"
Ele perguntou
Ela o observou

Enquanto ele a olhava
Ela planejava
responder por que
sem compreender

Os dois tinham medo
de se entregar
Ele mais que ela
tentou disfarçar

O sol surgiu lá fora
Ele a esperar
Ela a calar
E o tempo a passar

Já não havia tempo
naquele lugar
Mas havia alguém
a os procurar

Queria os matar
Queria encerrar
Antes do depois
o amor dos dois

Ele disse "corra!"
Ela disse "não..."
e irrompeu da porta
a obsessão

E neles atirou
com a pequena arma
e caíram juntos
ainda de mãos dadas

Ele a perguntou
Ela o olhou
"Por que você ficou?"
"Porque você ensinou
o que é o amor"

Seus olhos sem força se fecharam
O assassino sem pena fugiu
Mas o amor que os dois cultivaram
Junto deles com certeza partiu...

E eu continuo amando

Alegre-se: sou eu quem sempre vai esperar você.

Ainda a amo, ainda e ainda,
mesmo sendo o sempre uma palavra grande demais pra mim.

Emocione-se: Tudo o que aconteceu, no sentido geral, foi bom.

E ainda a amo, ainda e ainda,
pelo jeito, você é o amor da minha vida.

Se você entendesse o que sinto, seria tão mais fácil!
Mas falar de sentimentos é por si só complicado,
pois sentimentos não foram feitos para serem descritos, só sentidos.

E eu continuo a amando, amando e amando.
Por isso, prefiro ficar longe. Longe de você eu sou impedido de sentir seu cheiro, de vê-la com outro alguém.

Mas está latente, meu amor, latente.
Basta que você regue novamente,
pro meu amor nascer delicadamente,
e ser pra você o que sempre foi.

E eu continuo a amando, amando e amando,
só que agora sua ausência não dói mais...

A atual

Seu toque, seu olhar, seu beijo!
Me senti vivo
e a doce timidez não existiu em tão sensual momento.

Talvez aquilo tenha sido a materialização dos meus antigos desejos.
Não senti medo algum,
éramos só nós e nosso beijo!

Porém, devo confessar, aquilo não era eu.
E, mais do que confessar, devo informar :
Estamos condenados por mim...
Pois não sinto amor por você.
Não do modo como eu esperava sentir.
Isso é tudo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Meu Próprio Penhasco

Todas as vezes em que fui estapeado,
machucado e incompreendido,
caminhei até meu próprio penhasco
e tentei - Eu juro! - ceder ao sofrimento.
Mas a bela visão daquele entardecer me fez esperar...

E eu sentei em silêncio.
Não havia dor ou incompreensão suficiente para me fazer pular.
Preferi esperar
mais uma noite se passar...

Todas as vezes em que ouvi ''não'',
da fria e cruel maneira a qual muitos conseguem dizê-lo,
caminhei até meu próprio penhasco
e procurei - eu juro! - mil motivos para me atirar.
Mas a bela visão daquele céu noturno me fez esperar...

E eu deitei em silêncio e peguei no sono.
Não havia frieza ou crueldade suficiente para me fazer pular.
Preferi esperar
Mais uma noite se passar...

Porém, quando ouvi o seu adeus
Oh, garota, eu juro, meu penhasco veio correndo até mim.
Aquele era o momento, pensei, o momento exato!
Pois não suportaria mais um seco segundo sem sua presença!
Foi quando a bela visão daquele amanhecer me fez esperar...

E eu admirei em silêncio,
percebendo que o único adeus que me faria morrer de verdade
era o do meu próprio penhasco.

Ah, meu próprio penhasco! Criado por mim!
De sua linguagem silenciosa compreendi enfim
que nossa beleza; minha beleza
é suficiente para me fazer esperar...

Ah, meu próprio penhasco! Criado por mim!
Que tanto sustentou minha ingratidão
me mostrando silenciosamente sua imensidão
sempre suficiente para me fazer esperar...

E, daqui em diante, prometo
sempre esperarei mais uma noite ou dia passar
para só então decidir se devo ou não me atirar
de você, penhasco.

Quanto a você, pobre garota,
encontre seu próprio penhasco
e pule dele se assim desejar!

Milésimo de Segundo

Baque.

Uma forte pancada atingiu meu peito. Foi como se uma mão tivesse apertado meu coração silenciosamente quando você passou ao meu lado. Talvez tenha me notado, talvez tenha percebido que eu olhei diretamente para você. Mas você estava determinadamente olhando para a frente, e não era eu quem estava lá...
Alguém me ajude! gritei silenciosamente. Eu estava à deriva em meio a sua tempestade. Por favor, tenham piedade!, mas ninguém me ouviu e foi melhor assim.
E você passou por mim com seu olhar determinado, como se desdenhasse quem tanto a havia amado. Eu! Eu, que tanto a amei! E é assim que me retribui agora?!

Cobrança
.

Pobre criança...
pensei comigo mesmo. Não me referi a você, mas a mim. Eu, que tanto havia pregado a paz entre nós, mesmo após nosso repentino rompimento. Eu, que tantas vezes havia inflado meu peito ao dizer a todos que de ruim nada guardaria em relação a você...

Dúvida.


Não sabia mais onde ou com quem estava, e nem tampouco o que sentia! Só o que via era seu olhar. OLHAVA PARA A FRENTE!

Raiva.


Olhava para a frente, com seu olharzinho de desdém!

Ira.


Queria esmurrá-la até ver seu sangue jorrar!

Morte...


Alguém como você não deveria existir. Queria ter...meios para matá-la.

No entanto eu não tinha...E jamais conseguiria fazê-lo, mesmo que eu quisesse de verdade.

Dor.

Havia outro bem atrás de você. Como pôde ter feito isso? Como pôde não ter sofrido nem um pouquinho por mim? RESPONDA-ME!


Então eu acordei novamente para o mundo. Você passou por mim e desapareceu de minha vista. Eu estava aliviado, mas arrependido. Não deveria ter sentido tudo aquilo, mesmo que por aquele milésimo de segundo...Na realidade, tive medo de que durasse para sempre. Pensar nisto me horrorizou.

Mas eu não tinha mais tempo para pensar. Estava atrasado para a próxima aula. Precisava me apressar.

Levantei-me, caminhei e sorri intensamente quando me dei conta de que eu olhava para a frente. E, adivinha? Já não era mais você quem estava lá...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Aqueles dois

''Quero ver o pôr-do-sol com você...'' disse um daqueles jovens timidamente, em uma dessas conversas normais que costumavam ter pela internet. Só sei que desde este dia, o maior objetivo dos dois era ver o pôr-do-sol...abraçados.
Caminharam juntos desde então, dividindo emoções e segredos, cada vez mais certos de que aquilo seria pra sempre. E era essa a principal arma deles quando brigavam e se separavam. ''Você disse que era pra sempre'' , dizia um enquanto o outro cantarolava a resposta, como se fosse o hino principal dos dois '' É pra sempre. Quero que case comigo.''
E assim foi durante muito tempo. A cada mês, ambos sentiam-se mais apaixonados. E eles até eram parecidos em muitos aspectos, principalmente no quesito ''fazer-se de vítima''.
O amor crescia e crescia, era nisto que eles acreditavam. E, apesar disso, não conseguiam passar mais do que duas semanas sem uma grande briga, sem um rompimento, sem um adeus definitivo. ''Isso é o bom na gente!" , explicavam um ao outro, embora sua maior vontade era dizer aquilo a si mesmos, de modo a convencerem-se de que aquela era a sua verdade. E voltavam, terminavam, voltavam, ''Eu te amo, vai ficar tudo bem.'', ''Você é meu melhor amigo, não me deixe...'', ''Jamais!''. E terminavam novamente, xingavam-se, odiavam-se, diziam adeus, e voltavam, abraçavam-se, beijavam-se, amavam-se...
Iam ao cinema juntos, brincavam sobre os problemas da vida. ''Quando estou com você não existem problemas.'' E de fato os problemas não pareciam existir. Passavam horas caminhando pelo parque e, quando ambos estavam esgotados, sentavam-se em um ''banquinho qualquer'' para continuarem a conversa e, quando até mesmo a conversa esgotava-se, eles se olhavam nos olhos e imaginavam suas bocas unidas em um beijo sem fim, suas mãos entrelaçadas simbolizando a aliança de noivado que tanto desejavam. Oh, e como aqueles dois desejaram aquilo!
Passaram a ficar mais próximos. Se viam nos intervalos entre as aulas e caminhavam pelo parque, novamente sentando-se em um banquinho qualquer quando esgotados, e se olhando nos olhos...como gostavam de se olhar!
E, numa tarde qualquer, um deles começou a achar repetitivo demais caminhar pelo parque e sentar-se em um ''banquinho qualquer''. E foi naquele momento que o outro percebeu que o fim começara.
Dito e feito. Eles já pouco se viam dias depois. Nunca mais haviam tocado-se nas mãos ou deixado-se levar por um abraço. ''Ando exausto'', protestava um deles, enquanto a outra pessoa respondia frustrada ''Relaxa, isso passa...''. E passou.

Em um dia qualquer eles terminaram o longo namoro. No dia seguinte, conversaram mas não voltaram. E os dias foram se passando.
Se sentiram saudades um do outro? Talvez sim...quem sabe ainda sintam. Eu arriscaria dizer que eles chegaram a perceber que podiam ter feito algo, que podiam ter salvado o que haviam construído. Poderiam ter feito isso se o quisessem...Mas não quiseram, afinal, estava acabado, pra que se estressar?
Até que um dia acordaram e perceberam que o outro já não era mais seu primeiro pensamento do dia. É, de fato, haviam acabado.
Partiram pra outra, construíram suas vidas, aprenderam o que puderam aprender. No entanto, eu guardo em mim a certeza de que eles ainda preservam no coração uma lacuna que não se lembraram de fechar: Eles nunca chegaram a ver juntos o pôr-do-sol. E talvez nunca cheguem.






Previsível

Como algo pode ser previsível? Como posso eu viver sabendo o que acontecerá?
Poderia, se assim o quisesse...mas decidi que não quero isso. Não mesmo.
Quero, na verdade, saborear a beleza do imprevisível. Quero caminhar por um caminho ainda não trilhado, e segurar a mim mesmo quando cair, dizer as palavras que gostaria de ouvir. Quero, de verdade, apenas viver.
Pois estou cansado de antecipar o futuro...

Sempre que puder, estarei aqui, novamente dividindo o que sinto.