quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma vez

Umas vezes umas almas caridosas me disseram pra esperar, pois tudo sempre melhora no final. Acreditei nelas, porém não compreendi a mensagem. Passei por muitas e boas, cheguei até a esquecer do que elas haviam me dito, mas só quando eu concluí certas estradas e cheguei ao final de algumas etapas, percebi que uma coisa que outras almas me disseram umas vezes também era verdade pra mim: Só faz sentido quando passamos por aquilo. Jamais aprendemos as coisas quando apenas nos contam sobre elas.

Umas vezes eu pensei que não havia perspectivas... Quer saber, cansei de falar nessa vezes. Elas aconteceram, foram importantes pra mim, mas o agora é Uma vez só. E muitas e muitas outras vezes virão. E sim, sou feliz por saber que sempre vou querer algo mais. Isso me dá razão pra viver. Me anima. Me entusiasma.

E o ano está acabando. Acho que isso aqui também.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conformismo

Uma mãe esgueira-se no muro enquanto a filha pede dinheiro na esquina. Um homem bate na mulher enquanto os filhos assistem traumatizados. Uma esposa trai o marido, enquanto ele sai do trabalho e vai comprar flores para comemorar o aniversário de casamento. Um grupo de pessoas exclui o outro por motivos fúteis e estúpidos. Um adversário encontra um rival que nem sequer sabe que agora tem um adversário. E nós? Nós vemos tudo isso conformados com a ideia de que não podemos fazer nada.

E assim a vida segue.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mias e emoções da meia-noite

Num suspiro profundo
este prelúdio inconstante
amansa tremenda variante
do agora.
Do nada.
Do nunca.

Num olhar incandescente
tuas margens finalmente
foram dadas a mim.
Doadas, na verdade,
do fundo da tua vontade.
Agora eu sei.

Não queiras saber, meu amor,
o que se passou em mim naqueles dias...
Hoje eu sei que isso foi necessário
para que nosso amor intensamente desabroxasse,
mas jamais poderei - mesmo que queira -
negar
que fui feliz naquela ocasião.
E jamais poderei - mesmo que tente! -
acreditar
que tu não sofrestes em um pouquinho por mim.

E assim termino meu dia.
Com a ânsia de compartilhar contigo este momento
que acaba de me trazer o profundo arrependimento

de não ter te dado um beijo de boa noite.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Coisas que ele lembra de contar

1 - Essa coisa curta ao menos teve final feliz?

N
o ano em que Amélia nasceu, ele era recém-nascido. Uma vez - E eu me lembro bem disso! - eles se esbarraram no parquinho do bairro. Ele a empurrou no chão.

Depois, Amélia foi para o colégio secundário. Ele já estava lá havia um ano. No início, não notaram a presença um do outro. Mas os meses se passaram e, sabe como é, eles acabaram se esbarrando de novo. E, no mês seguinte - E eu me lembro bem disso! -, ele disse que ela era a mulher! Ele se casaria com aquela tal de Amélia.

Terminaram o curso secundário e foram para a faculdade. Dessa vez foram juntos - Ele demorou mais um ano para passar no vestibular.- e foi lá que ele conseguiu arrancar o primeiro beijo daquela Amélia!

Como era pra acontecer, começaram a namorar. Nesse período, ele brigou por ela; Ela brigou por ele; Eles brigaram por eles mesmos e por nada também.

Só que Amélia se sentia mal havia uns dias. Eu falei para ele a levar a um hospital! Mas - E eu me lembro bem disso! - ele não me ouviu.

Viveram mais dois anos felizes, até que Amélia descobriu a doença e morreu. E ele - Eu me lembro...E sei muito bem disso - Morreu com Amélia.

domingo, 29 de agosto de 2010

Esperaram Demais

2 - Carta de Cabeceira


Quando Otávio abriu os olhos, por um momento pareceu que o tempo havia voltado alguns meses ao passado - Ao lindo passado dele. Lá estava a pessoa que o havia feito mudar. Lá estava, a centímetros dele, a pessoa que ainda o fazia estremecer. Ela não devia saber, nem ao menos desconfiar, mas ele a amava ainda, talvez de um modo totalmente novo e especial.

Ele a apreciou por alguns minutos. Os contornos dela não eram perfeitos, mas eram inocentes, carregados de algo positivo. E o otimismo dela? Este contagiava qualquer um. Costumava contagiar Otávio na época do namoro dos dois. Havia algo dentro dela. Algo diferente.

O sol penetrava pelas janelas de vidro. Parecia ser tarde. Otávio não podia esperar. Levantou-se e silenciosamente caminhou até a escrivaninha mal-feita de Sophia - ela jamais havia ligado para aparência mesmo. Sentou-se, arrancou uma folha de papel do primeiro caderno que encontrou, pegou uma caneta e hesitou antes de começar a escrever:



'' Fazia tanto tempo - no nosso tempo - que não a via. Honestamente, nem mesmo sei porque estou escrevendo isto. Talvez para convencer a mim mesmo de que você ainda me ama e de que ainda está de alguma forma presa a mim, ou apenas para, mais uma vez, chorar por a ter deixado sair da minha vida.

Sou indeciso, eu sei. Você mesma me disse isso inúmeras vezes, e eu, com minha exaustiva ingratidão e amargura, gritei com você de um modo que jamais havia gritado com mais ninguém. Como você pôde ter suportado isto tantas vezes?
Então, em uma sexta-feira aparentemente comum, você me disse que já havia cansado de mim e que já não aguentava mais meu modo decadente de tratar você. Sumiu por duas semanas - no nosso tempo, séculos - quando a mandei embora. Foram dias confusos, não acha? Até que, sem explicação ou por ironia de algo que você poderia chamar de ''destino'', nos encontramos ontem na saída de um bar - daquele bar. Você estava linda e radiante, como sempre. Naquele momento eu soube que eu não podia morrer sem beijá-la pela última vez, sem tocá-la, sem amá-la. Tivemos uma noite linda e, acredite, eu gostaria muito que a vida realmente funcionasse para mim do mesmo modo simples que funciona para você. Mas não é assim. Não a minha vida.
Hoje, quando acordei e a vi dormindo ao meu lado, senti algo tão intenso que palavra alguma - pelo menos no meu vocabulário- não é capaz de descrever. Mas o fato, Sophia, é que não sobreviveremos. Você merece algo muito melhor.
Espero que você seja feliz. Espero que você seja esperta o suficiente para agarrar esta chance de poder viver longe de mim e dos meus problemas de uma vez por todas.


Otávio A. Sepol

P.S.: Não sei como funciona a estrutura de uma carta ou de um bilhete...Enfim, não ligue . ''


____



Era incrível a sensação de acordar bem. Antes mesmo de abrir os olhos, Sophia já agradecia mentalmente por mais um dia. Antes mesmo de tomar consciência de quem era ou de onde estava, ela já esboçava um sorriso encantador no rosto. Sophia era Sophia, e não precisava de muito para ser quem era.

Otávio não estava mais lá. Sophia sorriu, como se apenas houvesse confirmado algo que já sabia. Respirou fundo e pôde sentir o cheiro forte e paralisante de Otávio. Aquele cheiro, aquele cheiro. Ergueu os braços e se esticou na cama antes de se pôr de pé em um salto. Ela adorava fazer aquilo, e sempre caia em risadas quando olhava de volta para a cama e se dava conta de que só voltaria a se deitar de noite. Enquanto sorria, reparou no pedaço de papel delicadamente posto em cima da sua mesa de cabeceira. Pegou o papel e respirou fundo antes de começar a ler.

Leu as palavras de Otávio e apertou o papel fortemente contra seu peito quando terminou. Sentiu um rápido impulso de chorar que acabou passando também rapidamente. Caminhou até a varanda do quarto. Olhou para a rua lá embaixo - fazia muito tempo que ele havia passado por lá?

Enfim, aquilo já não era relevante. Ainda havia um dia inteiro e uma vida inteira para ela viver e, irônica ou casualmente, descobrir ou apenas se dar conta de pelo menos três coisas:
1 - No vocabulário de Sophia felizmente havia uma palavra que descrevia especialmente bem o que Otávio não conseguiu descrever em sua carta, e essa palavra era Amor.
2 - Sophia definitivamente não era e jamais seria esperta o suficiente para agarrar chance alguma de viver longe de Otávio e de seus problemas.
3 - No tempo deles, uma noite de Amor era pouco, muito pouco. Ele deveria saber disso.



quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Nada

Sem pensar ou fazer nada. Ela tentou fazer isto por alguns minutos... Tente você também.

domingo, 15 de agosto de 2010

Só Amor

Hoje percebi que não há comparações, o Amor possui só uma essência, e cada manifestação dele, seja em pessoas ou coisas, jamais se repete. E, ao contrário do que ocorre em outros ramos da vida, isto não me traz sensação de perda.

Amo meu cachorro de um modo que jamais amarei ninguém, do mesmo modo que amo meus braços de um modo totalmente diferente do qual amo minhas pernas. Os vários modos de Amar refletem as várias faces do Amor, e os vários modos do Amor são os modos pelo qual suas faces se revelam: Um carnaval de diferentes faces, e cada uma é única e incomparável no seu modo de ser.

Uma vida sem Amor é uma vida descorada não para uma vida sem cor - até uma vida sem cor tem cor de alguma coisa -, mas pro nada, vazio, infrutífero, Oco...
Amor e suas cores, Amor e seus amores, Amor e seus sabores, suas faces e Calores, seus retratos e fatores de Amores, Só Amores!



Vou viver esse calor
de Amor, Só Amor!
Vou viver esse sabor
de Amor, Ah, Amor!